A Mente

Autor: Darlan / Marcadores:

A Saga Camaleônica, texto 3 de 6.

Por que continuamos recriando a mesma realidade? Por que continuamos tendo os mesmos relacionamentos? Por que continuamos buscando os mesmos empregos? Não é surpreendente que tenhamos opções e que existam potenciais? Mas que não estejamos conscientes deles?


O que é a realidade? Como sabemos...
A Mente
Sentado sobre a abóbada celeste, observo fios de pensamento rasgando o céu, de um lado a outro do planeta. Como raios numa tempestade enfurecida. Logo abaixo, encolhido em nossas casas, vivemos presos na teia da ilusão, que foi criado por nós, em nossos mais sinistros sonhos.

A sala é invadida por um azul hipnotizante, forçando-nos a mentir para nós mesmos. Atrofiando a mente, numa idéia simplória, de vivermos todos num mesmo ideal. Seguimos modelos e idolatramos criaturas desalmadas, comemos da lama e do lixo que nos é regurgitado e desejamos corpos perfeitos que faltam quebrar como palitos. A musica toca repentinamente no radio, marchamos cegos esmagando nossos inimigos e a todo o momento nos vitimizamos por erros cometidos no passado. Vivemos uma novela, mas não como na ficção, buscamos sempre um distante final feliz e nos viciamos em sentimentos artificiais que nos foram forçados a engoli.

Por que vivenciamos o mesmo sonho? Por que a esperança nos trás os mesmos amores? Por que a felicidade possui apenas uma face? O mundo é criado a nossa imagem e semelhança e sentimo-nos seguros cercados na frágil fachada de cristal. Usamos a falsa mascara de nossos ídolos, conquistamos a vaidade e apodrecemos por dentro.

Vejo somente clones a todos os lados. Somos como as aves, possuímos asas e somos tão livres como o céu, mas é só jogarem migalhas que virá um bando de pássaros esfomeados em busca de sua ração. Somos viciados no que vemos; o novo soa como uma invasão alienígena e corremos como galinhas assustadas. Quando acordamos, dopamos a nossa mente, nos envolvemos num véu e fantasiamos o nosso dia, como num filme. Mas que ainda não foi estreado.

Ilusão... Apenas ilusão...

A realidade torna-se tão concreta e inalterável, que sentimos pavor em cruzar a Porta das Possibilidades. Tornamo-nos insignificantes e inúteis diante da grandiosidade do mundo, desejamos não mudar e inertes, o mundo roda sem o nosso controle. Então somos objetos, não temos papel algum e não temos como mudar a nossa posição diante do mundo.

Penso... Logo existo...

Quando fechamos os olhos, o mundo se torna um turbilhão de tormentas no meio da tempestade, assim como os nossos desequilibrados pensamentos. Como se todas as pessoas, objetos e acontecimentos fossem formas-pensamento.

Mas, se a realidade é uma possibilidade mental, então ela só existirá pela minha ação. O futuro não o afligirá, pois ainda não aconteceu. E o Passado, é apenas o reflexo de nós mesmos, soando como uma lembrança distante e somos nós que abrimos as portas a Ele, e o Infeliz só pede para ser esquecido. Nós somos as engrenagens da roda do Tempo, ele só passará a existir pela nossa ação. A todo o momento assumimos um papel no mundo, mas ele não nos dá a verdadeira experiência, nós que escolhemos cruzar a porta. E, portanto, criamos a nossa realidade.

Quando o mundo torna-se entediante e vazio de idéias, quando nos deixamos ser invadidos por informações medíocres e pobres, ou quando nos espelhamos na beleza inalcançável, passamos a cultivar a casca seca de nossas vidas e impedimos que o fruto germine nossas idéias. Mas da inércia pode-se brotar até um belo jardim e passamos a buscar novos horizontes. O que você faria se o sol nunca despenca-se do firmamento? Perguntaria: por que da minha existência? Se estou aqui, qual o propósito? Qual o caminho a ser trilhado? E da morte, será o meu fim? É desesperador para uma criatura descobrir que no fim a vida foi uma farsa, mas se ela for contagiada por esta natureza, verá o seu mundinho desmoronar.

Todos nós que vivemos hoje possuímos a plena sabedoria de decidir seguir o caminho certo, mas quem pularia o precipício das ilusões e dos vícios? Para muitos seria a morte apenas olhar para as trevas do seu ser e perturbador olhar para trás e ver tudo que seria perdido. Este é o maior desafio de nossas vidas.

O caminho é estreito, certamente todos nós deveremos passar por lá. Mas, um dia devemos amar a vida tanto quanto amamos o vicio.

A única maneira de eu me sentir bem comigo mesmo, não é o que faço para meu corpo, mas o que faço para minha mente.

No final volto a minha vida, subjugando o meu mundinho e observando as inspirações despencarem na Terra, como estrelas cadentes. Mas ainda continuo criando ilusões para estancar a dor e a caminhar sobre a estrada de carvão escaldante. Comigo levo o retrato Dela, na eterna esperança de ter o seu amor, apaixonado pela expectativa em ser correspondido...
Texto baseado no documentário de física quântica - "Quem Somos Nós?".
Esta foi a primeira vez que demorei dois dias para se criar um texto.
Espero que tenham gostado e desejo tornar estes textos uma rotina semanal em meu blog.