O Sonho

Autor: Darlan / Marcadores:

A Saga Camaleônica, texto 1 de 6.


O texto que apresentarei simboliza minha situação atual, o meu estado de consciência:



O Sonho

Deitada com sua cabeça oval, a lua descansava rente as montanhas. Contava carneiros que brincavam entre as estrelas. Sonhava com novos mundos e a humanidade morria em seus pesadelos. A noite envolvia o mundo com seu manto, seduzindo a todos em seu eterno sono.
Contava-se os dias. Primavera, verão, outono, inverno. Existia um velho que sempre cuidava dos pássaros, ele já não dormia mais, e em todas as noites voavam com teus sonhos. Num certo dia resolveu cortar as asas, vivia só pulando. Quando as pernas cansaram, os pássaros voltaram.
Era um dia uma criança, gostava de soltar pipa, mas esta prendeu-se numa arvore. Pulava para alcançá-la, mas teimava de fugir de suas mãos. Entre os galhos, poucos metros o distanciava e ele sentou a espera. Os anos passavam, ele apreciava. A arvore tornou-se sua amiga e a pipa sua lembrança.Hoje a sua sombra ainda vive lá.
A senhora recorda deste tempo, pois o mundo passa por sua janela. Ela vive lá, como um quadro, sempre na mesma pose. O Tempo, sua maior companheira, não a deixaria jamais esmorecer. E os dias morrem, ela deixando de envelhecer, renascendo no amanhecer. Sua vida enraizou-se numa única lembrança, morreu no retrato daquele senhor e imortalizou-se no passado.
Ouso um pássaro a cantar. O sol acordou com sua melodia. Vejo este belo dia rebrilhando em minha vidraça, colorida pelos raios do sol. Junto à janela, pássaros reuniam-se num coral. Canto mais belo me levava novamente ao mundo dos sonhos. E com eles voava. A luz do sol era o meu guia, a felicidade saturava a dor e aos olhos não via mais nada. Apenas o teu brilho.

Oh! Deus dos sonhos, não me acordes mais! Daquela vida não voltarei mais!

Um sonho, apenas sonho. Como Ícaro, voando em busca de uma ilusão.

A luz levou-me para fora deste mundo. Com o desejo de não voltar, desejei por engano a morte. Sinto entre meus dedos o tocar da estrela, longe, longe demais de minhas mãos. Que sol é este que aquece apenas um lado do corpo? Sentia-me realizado pela metade. Que criatura burra! Se contentando com um punhado de esperança. O que se diz dos olhos? Queimaram-se, enquanto fugia o verdadeiro sonho.

Nem as nuvens a tenho como conforto. As estrelas são frias, não emitem calor. Pobre dos meus pés, saudosos do chão. A vida que me leve agora. O frio do espaço, é a solidão que me preenche...

Neste universo incompreendido, os planetas se colidem. Desejando esta noite despertar e da morte escapar. Num espaço sem fim, todos os aflitos encontram seu rumo...



São momentos como este que é só colocar a caneta sobre a folha que ela já sai escrevendo.

Bem, a todos os leitores deixarei aberto para comentários.

1 comentários:

Anônimo disse...

Feliz de ti, amigo estranho, que tem inspiração pra expurgar em prosa a sua doce melancolia. Uma melancolia pura, quase ingênua, daquelas almas sábias o bastante pra não se agarrarem ao lixo sedutor de nosso mundo, mas,tão poéticas ao ponto de não debandarem em definitivo.
"Haverá paradeiro para o nosso desejo, dentro ou fora de um vício?Uns preferem dinheiro outros dão um passeio perto do precipício. Haverá paraíso?? Sem perder o juízo e sem morrer??" Arnaldo Antunes